domingo, 15 de novembro de 2015

Fórum de Segurança Pública do RN publica artigo que compara Brasil ao estado islâmico

Estado “Islâmico” do Brasil


Impressionantes as notícias dos acontecimentos em Paris, na França, do último dia 13 de novembro de atos terroristas provocados por integrantes do grupo conhecido como Estado Islâmico. A violência dos atos e o sofrimento da sociedade francesa provocaram grande comoção no mundo inteiro.

Segundo a Folha de São Paulo os “ataques com tiros e explosões deixaram 129 mortos em Paris, na pior violência a atingir a França desde a Segunda Guerra (1939-1945) e apenas dez meses depois da carnificina no semanário satírico Charlie Hebdo.”

Comparando os números de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) da França com os do Brasil vimos uma grande disparidade. Em 2013, enquanto foram registrados 745 homicídios no país europeu, em terras tupiniquins ocorreram mais de 50 mil, uma média de mais de 130 mortes por dia por CVLI. Equivale a mais de 365 ataques terroristas, iguais ao de Paris, por ano no Brasil, o mesmo que pelo menos um atentado por dia de mesma proporção.

O Brasil ainda é o país onde mais acontecem homicídios violentos no mundo, sendo registrado em 2014 mais de 58 mil ocorrências, de acordo com dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Enquanto o mundo se preocupa com os ataques terroristas do Estado Islâmico, o Fórum Estadual de Segurança Pública do Rio Grande do Norte (FOSEG-RN), formado pelas entidades de classe dos operadores de segurança pública, se preocupa com a violência do Estado “Islâmico” Brasileiro, muito mais danoso que o original.

“Islâmico”, entre aspas, não remete a qualquer referência à crença religiosa, em respeito todas as religiões e lembrando que o Estado brasileiro é laico. Entretanto, tem a intenção de mostrar que o fanatismo (típico do grupo terrorista “Estado Islâmico”) por este sistema perverso de segurança pública vigente em nosso país, que permite, por exemplo, o extermínio de mais de 58 mil vidas e resoluciona menos de 10 por cento dos crimes, seja o alicerce para essa sensação de insegurança por causa da violência desenfreada e que garante a ineficiência que envergonha os operadores de segurança pública, os quais o FOSEG-RN representa.

Como é possível acreditar que existam pessoas que mesmo conhecendo as estatísticas assustadoras e a realidade da estrutura e da atividade policial possam defender a manutenção desse sistema internamente desestimulante, assediador, estressante e burocratizado, e externamente ineficiente, ineficaz, omisso e violento, em suma, falido?

A reforma desse modelo se faz mais do que urgente e necessário, é questão de sobrevivência, pois o ataque dos “terroristas” urbanos brasileiros está cada vez nais ousado e com isso está destruindo milhares de famílias.

No último dia 03 de novembro, em virtude da morte do Soldado Marco Antônio, 6ª vítima policial deste ano, o FOSEG-RN organizou uma manifestação que culminou com a entrega de ofício no Gabinete do Governador Robinsson Farias solicitando uma reunião do FOSEG-RN com o mesmo para tratar de propostas para melhoria da Segurança Pública. Entretanto, quase duas semanas se passaram e ainda não recebemos qualquer resposta da assessoria do governador.

Estranho é que aqui no Brasil a população não se indigne ou se mobilize por causa da morte de tantos anônimos, que acabam somente virando números estatísticos, quanto mais nos casos de policiais. Mas nos casos em que “celebridade” é vitima, ou uma pessoa da alta sociedade, há verdadeira comoção, como se estes fossem mais importantes do que os tantos anônimos, que em muitas das vezes estranhamente a máquina do Estado “funciona” seletivamente para solucionar crimes destes casos demandados.

Quando a vítima é aquele que tem o dever de defender os direitos do cidadão, mesmo com o custo de sua própria vida, o policial, o Estado normalmente se omite, pois admite ser este servidor público um recurso descartável e não um cidadão pai de família com direitos garantidos por lei.

No 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2014, consta que 398 policiais foram assassinados em todo o Brasil, destes, 9 ocorreram no Rio Grande do Norte. Em 2015 já são 7 casos de policiais assassinados, sendo o último o CB Marco Aurélio, que foi na tarde do último dia 14 covardemente executado e os marginais ainda subtraíram a arma do policial.

Os integrantes do FOSEG-RN renovam o interesse e disposição em ajudar com propostas que possam melhorar sobremaneira a segurança da população e que enquanto ninguém tiver CORAGEM para enfrentar os interesses mesquinhos de grupos para realizar as mudanças estruturais necessárias ao bom funcionamento interno e externo dos órgãos de Segurança Pública e as discussões se mantiverem restritas a estes mesmos pequenos grupos que não vivenciaram ou sequer vivenciam a realidade das investigações, da violência crescente e sensação de insegurança nas ruas das cidades, continuaremos amargando números assustadores e enterrando nossos compatriotas, vendo famílias serem destruídas.



Fontes:

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/11/1706236-policia-francesa-registra-tiroteio-e-explosao-em-paris.shtml

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/10/08/brasil-registra-585-mil-assassinatos-em-2014-maior-numero-em-7-anos.htm

http://www.forumseguranca.org.br/storage/download//anuario_2014_20150309.pdf

http://www.forumseguranca.org.br/storage/download//anuario_2015-retificado.pdf

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